As tuas mãos

terça-feira, outubro 21, 2008 / Publicada por Rui Pedro /




As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas
já cor de terra - como são belas as tuas mãos - pelo quanto lidaram, acariciaram ou
fremiram na nobre cólera dos justos ...


Porque, há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama
simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da
tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas ...

Virá dessa chama que, pouco a pouco, longamente, vieste alimentando
na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e
tenta acendê-los contar o vento ?
Ah, como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas ... essa chama
de vida - que transcende a própria vida - ... e que os Anjos,
um dia, chamarão de alma.

(Mario Quintana)

1 comentários:

Anónimo on 25 de novembro de 2008 às 00:09

simplismente...amável este texto de Mário Quintana! http://plunkplakzum.blogspot.com

Enviar um comentário